quinta-feira, 11 de maio de 2017

Filmes de guerra


  Filmes sobre guerra são um gênero cinematográfico. Há alguns filmes mais famosos, grande parte sobre a Segunda Guerra Mundial- a mais retratada- feitos muitos anos após os eventos do conflito, mas os filmes sobre guerra são quase tão antigos quanto a própria história do cinema. Durante os períodos de guerra, muitos filmes eram feitos com fins de propaganda, o famoso ministro da propaganda alemão Joseph Goebbels foi responsável por vários filmes que exaltavam o regime nazista. Vários filmes sobre várias guerras foram feitos além dos feitos por Estados Unidos e Europa sobre as duas guerras mundiais, também existe um subgênero chamado anti-guerra, que ironicamente pode ser mais parecido com os outros tipos de filme de guerra do que o nome sugere. 
  Os filmes considerados de guerra são aqueles onde cenas de combate são centrais à trama, vários filmes têm alguma guerra como parte da trama, porém sem ser a parte central- como "Forrest Gump" e "...E o Vento Levou". Alguns temas comuns aos filmes sobre guerra são combate, sobrevivência, sacrifício, futilidade e inumanidade das batalhas, o efeito da guerra na sociedade e as questões morais e sociais levantadas pela guerra. 
  Um dos primeiros filmes de guerra é o filme mudo "The Fugitive" (O fugitivo) feito no ano de 1910 por D.W. Griffith, retratando dois soldados se despedindo de suas famílias para irem ao fronte da Guerra Civil americana (já bastante anterior ao filme).


  Durante a Segunda Guerra, os primeiros filmes feitos pelos aliados foram feitos pela Grã-Bretanha, eles foram "The Lion Has Wings" e "Target for Tonight", os filmes feitos pelos britânicos na época tinham funções de servirem como propaganda ou documentários. Nos Estados Unidos, uma série de propagandas dirigidas pelo famoso diretor Frank Capra foram realizadas e na Rússia também foram feitos filmes que mostrassem atrocidades do regime alemão e as vitórias russas na guerra. Já no lado do eixo, a Alemanha fez filmes com temas variados, falando sobre história como no filme "Kolberg"- que retrata a resistência prussiana às tropas de Napoleão- e "O Eterno Judeu"- que retrata os judeus como a causa de tudo de ruim que aconteceu na sociedade alemã- assim como outros filmes que exaltavam a raça ariana e a ideologia nazista.
  Dos filmes lançados pós-guerra, alguns para se destacar são "A Lista de Schindler" de Steven Spielberg, "O Pianista" daquele que não deve ser nomeado de Roman Polanski, "Batardos Inglórios" de Quentin Tarantino- um dos únicos com roteiro original- e, mais recentemente, "Até o Último Homem" de Mel Gibson. "A Lista de Schindler" conta a história real do empresário Oskar Schindler, que salvou vários judeus dos campos de concentração empregando-os em sua fábrica, o filme tem emocionado espectadores desde o seu lançamento em 1993 e realmente apela às emoções com várias cenas impactantes e apostando alto no drama maximizado pela trilha sonora ao som do violino composta por Itzek Perlman. A cena da menina de casaco vermelho- a única coisa colorida no filme, que é em preto e branco- foi o ponto que tocou e motivou o personagem Schindler e fez o mesmo com o público, tornando esta cena uma das mais famosas do cinema.


  "O Pianista," lançado em 2002, segue uma premissa parecida, acompanha a história real do pianista polonês Wladyslaw Szpilman e tudo o que ele passou durante a guerra, esse sem economizar no lado mais chocante da mesma e sendo mais sobre sobrevivência do que moral durante a guerra. Lançado ano passado, "Até o Último Homem" poderia já ser um filme cansado após tantos títulos sobre o assunto, mas este explora a brutalidade dos campos de batalha que vários outros filmes evitaram. "Bastardos Inglórios", então, é um filme bem Tarantino, não é baseado em uma história verdadeira e usa os eventos históricos da Segunda Guerra como pano de fundo para uma história de vingança, como muitas outras do diretor.
  Outra guerra que atraiu a atenção de vários diretores foi a Guerra do Vietnã ocorrida durante a década de 60, os títulos mais famosos provavelmente são "Platoon" de Oliver Stone, "Apocalipse Now" de Francis Ford Coppola e "Nascido para Matar" de Stanley Kubrick. Todos visões de grandes diretores sobre a guerra, uma que veio em um momento de mudança de rumos da história e foi visto sob parâmetros muitos diferentes da Segunda Guerra. Estes filmes mostram homens sobrevivendo à guerra e não colocam a guerra como algo necessário- visão mais difundida até meados do século passado- pois mandar jovens para o outro lado do mundo por uma guerra que muitos não viam razão para existir parece um desperdício. Além do mais, sendo a maioria desses filmes feitos pelos Estados Unidos, uma guerra perdida também.


  Saindo do eixo EUA e Europa, o continente africano, cuja história infelizmente é traçada por vários conflitos militares, também foi o tema para filmes do gênero. "Hotel Ruanda", lançado em 2004 e dirigido por Terry George, sendo possivelmente o mais popular; ele narra a história do conflito recente (década de 90) ocorrido em Ruanda, como várias outras guerras civis, esta surgiu das tensões entre etnias distintas: a hutu e a tutsi; as vítimas da guerra e a conivência do mundo quanto às guerras na África são mostrados no filme em como a comunidade internacional de então ignorou o enorme massacre que ocorria em solo ruandês e o desespero de milhares que procuravam abrigo. Mais recente, em 2015, "Beasts of No Nation", dirigido por Cary Joji Fukunaga, explora uma das maiores problemáticas das guerras civis africanas: crianças transformadas em soldados, o filme acompanha um menino e sua jornada como soldado de uma guerrilha.
  Um novo momentos nos filmes de guerra veio também quando as guerras do Iraque e do Afeganistão começaram a ser retratadas em filmes. A diretora Kathryn Bigelow se destacou com dois filmes sobre o tema, "Guerra ao Terror" e "A Hora Mais Escura". Os filmes de Bigelow, assim como outros lançados recentemente ("Sniper Americano" de Clint Eastwood) exploram o indivíduo na guerra, a noção de coletividade é perdida. Eles mostram o soldado que se sente desconectado dos assuntos triviais cotidianos após ter tido a guerra como seu cotidiano.


 
Uma abordagem diferente



  Ainda existem alguns filmes, talvez não sejam exatamente enquadrados no gênero filme de guerra, mas que têm a guerra como o seu tema principal, que retratam a guerra sobre ângulos diferentes. Um deles é "Retratos da Vida" de Claude Lelouch, ele mostra como famílias de vários países foram afetadas pela Segunda Guerra Mundial e uma coincidente ligação de todas com a arte. Lançado em 2014, "Juventes Roubadas" é baseado no livro de memórias de Vera Brittain, uma escritora pacifista, ele conta as experiências da autora durante a Primeira Guerra Mundial e o começo de sua filosofia pacifista a partir delas.


"Essa pode ter sido a minha obra prima".