quarta-feira, 4 de abril de 2018

Para atrás das câmeras (Parte 1)

                                                                        Ida Lupino

  Mais frequente do que se imagina, atores se arriscam na direção de filmes. Apesar de algumas pessoas acharem até que o trabalho do diretor não deveria existir, porque cada profissional sabe fazer seu ofício, o trabalho do diretor é como o de um regente- fazendo todos trabalharem em conjunto. Os atores são o rosto de um filme, mas o poder no set de filmagens é do diretor, desta forma, muitos profissionais do cinema de outras áreas sentem a vontade de liderarem seus próprios projetos. 
  No entanto, muitos atores vão para a direção pela falta de opção, quando querem levar um projeto adiante e não encontram diretores interessados em dirigir. Outra razão que leva atores para atrás das câmeras é o carinho por um enredo que eles não querem confiar nas mãos de mais ninguém. Com mais ou menos sucesso, os atores/diretores mostram para um público que já os conhece suas visões cinematográficas. Nesta primeira parte, veremos as histórias de atrizes que foram para atrás das câmeras.

Ida Lupino

                              Ida Lupino durante as gravações de "O Mundo Odeia-Me"(1953).

  A atriz inglesa, descendente de uma dinastia de atores de teatro que vai até o Renascimento, teve um começo precoce em Hollywood, desembarcando nos Estados Unidos ainda adolescente após ter participado de alguns filmes ingleses. Cansada do sistema de estúdios de Hollywood, Lupino abriu sua própria produtora, The Filmakers, com o seu marido de então, Collier Young. A primeira oportunidade de dirigir surgiu por coincidência, quando o diretor do filme no qual ela trabalhava como co-produtora e co-roteirista sofreu um ataque cardíaco, deixando para Lupino a tarefa de terminar o filme. Seus primeiros filmes se dedicavam a retratar problemas sociais, algo incomum na época e que abriu caminho para vários diretores de cinema independente que vieram depois, como John Cassavetes; um desses filmes foi "O Mundo é o Culpado"(1950), sobre os traumas decorrentes de um estupro. Dos 12 filmes lançados sob o selo de sua produtora, Lupino dirigiu 6, mas também ditigiu filmes do estúdio RKO, onde encontrou o apoio de Howard Hughes (o aviador/produtor de cinema interpretado por Leonardo DiCaprio no filme de Martin Scorsese "O Aviador"), com quem havia tido um breve relacionamento quando ainda era uma estrela em ascensão em Hollywood. Lupino era uma das poucas diretoras trabalhando em grandes estúdios em Hollywood na época e se tornou também a primeira mulher a dirigir um filme do gênero noir, coma sua direção de "O Mundo Odeia-Me"(1953).

Liv Ullmann

                       Liv Ullmann e Jessica Chastain, estrela do seu filme "Miss Julie"(2014).

  Liv Ullmann é mais lembrada como sendo um das musas do lendário diretor sueco Ingmar Bergman em seus papéis em filmes como "Persona"(1966), "Gritos e Sussurros"(1972) e "Cenas de um casamento"(1973). Mas Ullmann já conta com cinco filmes dirigidos por ela e algumas peças de teatro. A atriz norueguesa dirigiu seu primeiro filme em 1992, chamado "Sofie", seguido por "Kristin Lavransdatter" (1995), "Enskilda samtal"(1996), "Trolösa"(2000) e o mais recente "Miss Julie"(2014), adaptação da peça de mesmo nome de August Strindberg com Jessica Chastain, Colin Farrell e Samantha Morton no elenco. 


Jodie Foster




  Jodie Foster começou a aparecer em comerciais quando ainda era uma criança pequena, tendo sido a "garota Coppertone" quando tinha apenas três anos. A fama veio na adolescência com seu papel que lhe rendeu uma indicação ao Oscar em "Taxi Driver"(1976) de Martin Scorsese aos 14 anos. Foster atuou em outros filmes durante a sua adolescência e após um hiato para se dedicar aos seus estudos universitários conseguiu retomar sua carreira como uma atriz adulta. vencendo dois prêmios Oscar de Melhor Atriz, por "Os Acusados"(1988) e "O Silêncio dos Inocentes"(1991). O primeiro filme que dirigiu foi "Mentes que Brilham"(1991), sobre uma criança prodígio, o filme não foi muito bem recebido pela crítica mas obteve um sucesso moderado nas bilheterias e conseguiu alguns fãs. Seu segundo filme como diretora foi "Feriados em família"(1995), uma comédia de humor negro com Holly Hunter e Robert Downey Jr. Ela só voltou a dirigir em 2011 e a partir desta década passou a focar na direção, o primeiro filme deste novo momento foi "Um Novo Despertar", que estreou no Festival de Cannes e teve Mel Gibson no elenco, o filme retratava um homem depressivo que desenvolve uma nova personalidade baseada em uma marionete de castor. Seu próximo e mais recente filme foi "Jogo do Dinheiro" (2016), também exibido no Festival de Cannes, com George Clooney e Julia Roberts no elenco. Foster também tem trabalhado na TV, dirigindo episódios de "Orange is the New Black", "House of Cards" e "Black Mirror".

Angelina Jolie



  Uma das atrizes mais famosas de nossa época, Angelina Jolie passou a se dedicar à direção nos últimos anos após uma bem-sucedida carreira como em filmes de ação e de drama. Sua estreia na direção foi com o filme "Na Terra de Amor e Ódio"(2011) sobre a guerra na Bósnia, que já traça os assuntos de interesse de Jolie como diretora- filmes de guerra e histórias verídicas. Seu filme seguinte seria "Invencível"(2014) sobre o atleta olímpico e prisioneiro de guerra Louis Zamperini, esse filme foi bem-sucedido na bilheteria, diferente de sua estreia como diretora. O próximo musaria de tema, falando sobre um casal e contando com o seu então marido Brad Pitt interpretando o seu marido na ficção. Sua produção mais recente foi "First They Killed My Father", lançado pela Netflix no ano passado; nele, Jolie se juntou à ativista cambojana Loung Ung para adaptar o livro de memórias da autora que versa sobre a sua experiência durante o regime de Pol Pot.

Greta Gerwig




  Uma das estreias mais bem-sucedidas de um diretor nos últimos anos, junto à de Jordan Peele na direção de "Corra!"(2017), Gerwig deixou de ser reconhecida apenas como a atriz de filmes independentes e agora é uma diretora indicada ao Oscar com "Lady Bird"(2017). Gerwig já havia coescrito e coproduzido alguns dos filmes que estrelou antes, mas realizou todo o seu esforço na produção de uma obra própria com "Lady Bird", que ela escreveu além de ter dirigido.