domingo, 28 de outubro de 2018

Das páginas para a tela: O Sol é Para Todos




  "O Sol é Para Todos" é um dos maiores clássicos da literatura americana, além de ser um dos livros mais populares sobre racismo e desigualdade. Escrito por Harper Lee e publicado em julho de 1960, o livro virou instantaneamente um sucesso de vendas e por isso não demorou muito para ser feita uma versão cinematográfica, lançada em 1962.
  Na história, narrada pelo ponto de vista de uma criança - Scout Finch - o julgamento de um negro acusado de estupro por uma mulher branca movimenta uma pequena cidade fictícia no estado do Alabama. O pai de Scout, o advogado Atticus Finch, defende o réu - Tom Robinson. Atticus é interpretado por Gregory Peck no filme, onde teve atuação muito celebrada. O personagem até hoje é uma referência para advogados e foi escolhido pela Instituto Americano de Cinema (American Film Institute) como o melhor herói do cinema do século XX.


  A história é vista como autobiográfica apesar da autora Harper Lee não considerá-la uma e sim um exemplo de que "um autor deve escrever sobre o que ele conhece e fazê-lo com veracidade". Os elementos que apoiam essa visão são: o pai de Lee ter sido um advogado que defendeu dois negros condenados por assassinato em 1919; o autor Truman Capote ter sido seu amigo de infância e associado ao personagem Dill do romance; seu irmão Edwin ser a inspiração de Jem, irmão de Scout no livro; e a sua cidade Monroeville ser a inspiração para a fictícia Maycomb onde se passa "O Sol é Para Todos". Muitos casos de injustiça racial na década de 50 nos Estados Unidos, inclusive o ato de desobediência civil de Rosa Parks, foram apontados como inspiração para o livro de Lee - que apesar de se passar na década de 30, dialogava muito mais com o que acontecia nos EUA nas décadas de 50 e 60. A autora apontou o caso do jovem Emmett Till, linchado por supostamente flertar com uma mulher branca, como inspiração para o de Tom Robinson no seu enredo.


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  O filme de "O Sol é Para Todos", dirigido por Robert Mulligan também foi um sucesso imediato. Foi indicado a 8 prêmios Oscar, do qual venceu três, incluindo Melhor Ator para Peck. Mary Badham que interpretou Scout foi indicada na categoria Melhor Atriz Coadjuvante com apenas 10 anos. 
  As cenas do tribunal no filme foram feitas em um set inspirado na corte da cidade de Monroeville (não foi possível gravar na corte original devido à má acústica), mas ficou tão perecido com a original que vários conterrâneos de Lee, do Alabama, acharam que o filme tinha sido gravado lá. Hoje o local é um teatro onde várias encenações de "O Sol é Para Todos" já foram produzidas.
  Mas por que "O Sol é Para Todos" é tão especial? Porque evoca várias situações de injustiça vistas pelo olhar de uma criança. Ele mostra como o preconceito consegue entrar na cabeça das pessoas, boas e más, sendo necessário se despir dos seus preconceitos através do olhar de uma criança para enxergar as situações de injustiça onde, no exemplo de Atticus, a razão e a justiça não vencem por causa de uma cultura impregnada de preconceitos. 
  Neste mês, o livo foi selecionado em uma pesquisa realizada pela rede de TV americana PBS como o livro mais amado nos Estados Unidos.

Antiga Corte de Monroeville.