segunda-feira, 12 de outubro de 2015

"A Travessia" e a incrível história de Philippe Petit



  
   Não tenho o costume de ler a crítica de um filme antes de assisti-lo, mas acabei espiando o título de uma crítica de "A Travessia" que descrevia o filme como "uma homenagem a um artista". Tive dificuldade em pensar em Philippe Petit, cuja a história eu conheci com o documentário "O Equilibrista", como artista. Minha definição de artista estava muito ligada às artes tradicionais, o pintor, o dançarino, o músico, o cineasta.. Algo que eu não admito com muito orgulho.
  A história de Philippe Petit contada no filme "A Travessia" (The Walk), dirigido por Robert Zemeckis (Náufrago, Forrest Gump) é a de um jovem equilibrista francês que sonha em "pendurar seu cabo" entre as duas torres do maior edifício de seu tempo, As Torres Gêmeas do World Trade Center. Interpretado por Joseph Gordon-Levitt falando ótimo francês e fazendo um ótimo sotaque francês nas cenas em inglês, sua atuação passa todo o entusiasmo insano de Philippe Petit, apesar do ator não ter nenhuma semelhança física com Petit.

                       À esquerda, Joseph Gordon-Levitt, à direita, o verdadeiro Philippe Petit.

  O 3D do filme pode parecer desnecessário em muitas cenas, mas nas cenas da famosa travessia adiciona muito ao sentimento de vertigem que o público sente. O feito de Petit é o tipo de história que nos provoca o mais profundamente, pois faz nós nos perguntarmos se seríamos capazes de algo que só pode ser chamado de belo, como os próprios personagens do filme descrevem, "perigoso, suicida, mas belo", sendo assim arte, não só arte, mas uma grande obra de um grande artista. A maioria de nós chega à conclusão que não teria coragem de fazer o mesmo, ou com certo orgulho despeitado, "ele é um louco, eu que zelo pela minha vida, não faria isso", ou com um pouco de decepção, que admito ser o meu caso. Como uma pessoa viciada em filmes, sempre gostei de imaginar que faria de tudo, ir para o espaço mesmo com o perigo de ficar vagando perdida como Sandra Bullock ou esquecida em Marte como Matt Damon até ir para a Faixa de Gaza em nome de alguma missão, mas olhando para Petit eu concluo: "eu não posso", nós não podemos, mas ele pode, e é isso que faz um artista.



              
          O verdadeiro Philippe Petit preso após a façanha como mostrado no filme.
 
                                            
A verdadeira travessia.

  Um ponto negativo do filme talvez seja uma romantização excessiva, que sendo uma história tão extraordinária não é problema em grande parte do filme, com exceção do final. Na vida real, Philippe Petit, Annie (Charlotte Le Bon) e seus cúmplices se separaram depois da travessia mais devido ao orgulho de Petit por ter se tornado uma espécie de celebridade instantânea do que por terem seguido seus próprios caminhos como é apresentado no filme. É um final realmente agradável, mas deixa de problematizar o fato de que, às vezes, um ato de grandeza não é seguido por um final feliz e harmônico.
                                   




Nenhum comentário:

Postar um comentário