sexta-feira, 24 de junho de 2016

Game of Thrones T06E09 - "A Batalha dos Bastardos"



  O último episódio de "Game of Thrones" foi daqueles de gerar uma empolgação que há muito tempo não se via na série, após uma quinta temporada fraca e alguns episódios razoáveis depois de um bom começo na sexta temporada. Centrado em dois dos núcleos da série, o de Daenerys em Meereen e o de Jon Snow no norte, vimos estas duas tramas avançarem consideravelmente, cada herói vencendo seu antagonista; Daenerys anulando os mestres e se tornando soberana em Meereen e Jon Snow reconquistando Winterfell dos Bolton.


  Começando com Daenerys, a Mãe dos Dragões finalmente parece que vai iniciar sua caminhada em direção a Westeros para conquistar o trono que clama como seu por direito desde as primeiras temporadas, acabando com o tédio que os próprios personagens do seu núcleo sentiam e prometendo a volta de uma Daenerys conquistadora na próxima temporada. A resolução do conflito iniciado no final do episódio anterior pareceu simples, mas trouxe a ação que precisava e mostrou a khaleesi utilizando todo o seu potencial; além de que, com dragões e um exército não se precisa de muito mais. Como se o timing já não fosse perfeito, Yara e Theon Greyjoy chegam para oferecer sua frota de navios a Daenerys em troca de uma ajudinha para reconquistar a Ilha de Ferro dos seus tios, cena que rendeu um dos melhores momentos da temporada com o flerte de Yara e Daenerys (já pode shipar, Danyara ou Yanerys, ainda não há um nome definido).


  Mas a maior parte do episódio realmente foi dedicada à "Batalha dos Bastados" que dá título ao episódio, onde três personagens tiverem seus enredos muito bem delineados. Vemos Sansa se transformar em uma verdadeira estrategista no "jogo dos tronos", Jon Snow voltando a lutar por algo após a decepção da traição dos seus companheiros na Patrulha da Noite e Ramsay encontrando seu destino final em uma amarga derrota. 


  A enorme cena da batalha que dá o tom épico do episódio é tanto rica visualmente quanto dramaticamente, como torturante foi a cena em que o sádico Ramsay finge que deixará Rickon escapar só para abatê-lo bem diante dos olhos do seu irmão que ainda tentava salvá-lo. As intensas cenas de luta, muito bem filmadas, colocavam o espectador dentro do campo de combate, o cerco criado pelas tropas dos Bolton para sufocar o exército de Snow- inspirado na Batalha de Canas segundo a própria produção da série, quando os romanos ficaram presos em um semi-círculo pelos cartagineses e acabaram morrendo esmagados- criou belas imagens, em que a fotografia se destaca, e a sensação angustiante de asfixia; chegando ao seu auge quando Jon Snow quase é sufocado sendo soterrado por cadáveres, pisoteado pelos soldados e ao voltar a respirar fundo, como um "renascimento" segundo as palavras do próprio intérprete do personagem, encontra a salvação no exército do Vale trazido por Sansa e Mindinho quando tudo parecia perdido.




  Foi uma saída clichê para a situação, a salvação chegando no último minuto, mas que não tirou os méritos do episódio; a partir daí, o ritmo não desacelera, quando Jon Snow e o resto do seu exército chegam a Winterfell e ele põe as mãos, literalmente, em Ramsay, dando a satisfação que os espectadores tanto esperavam, as bandeiras da Casa Stark são hasteadas novamente, consagrando um raro final feliz à série. O fim de Ramsay, que provou do mesmo nível de crueldade a qual submetera tantos outros personagens, sendo comido vivo pelos seus "cães fiéis", foi o ponto decisivo para Sansa, que se viu pela primeira vez vencer no "jogo". Além de Sansa conseguir executar seu plano com sucesso, Ramsay passa de sua confiança excessiva a um estado de negação ao perceber sua derrota que é muito bem demonstrado; quando ele retorna a Winterfell e diz "O exército deles acabou", ele chega a se irritar quando ouve "O nosso exército acabou" de um de seus conselheiros, ele não consegue ver a reviravolta pela qual passou e ainda acha que tem chance, permanecendo assim até o último momento ao acreditar que as feras que estão ali para devorá-lo vão poupá-lo. E Jon Snow também tem sua evolução pessoal exposta; na batalha, já não é mais como fora antes, em momentos, luta perdido, sem saber onde quer chegar, até ver a possibilidade de vitória e de reconquistar Winterfell, quando só então tem sua gana recuperada.



Som dos cachorros do Ramsay o destroçando no fundo.

  Foi um grande episódio, em todos os sentidos da palavra, que deu a sensação da série está tomando o caminho certo. Esperemos que o último episódio da temporada mantenha o nível e traga desenvolvimentos satisfatórios para os outros núcleos e personagens da série. Pois quando Game of Thrones acerta, não há melhor série de TV do que isso.




Eu realmente pedi por uma morte por dragões.


segunda-feira, 13 de junho de 2016

Perfil: Oscar Isaac, um ator cujo talento está quebrando barreiras


    Não é apenas difícil para um ator vencer na indústria cinematográfica, mas também o é construir uma carreira com filmes de qualidade demonstrando performances dignas de elogios. Sendo uma minoria étnica, ainda mais difícil (infelizmente).  Oscar Isaac, no entanto, tem conseguido fazer tudo isso.
  Nascido na Guatemala em 1979 e radicado em Miami ainda na infância, Oscar Isaac, que tem como nome completo Óscar Isaac Hernández Estrada, começou sua carreira artística na comunidade teatral de Miami. Após, obteve sua formação na prestigiada Juilliard School em Nova York, onde teve Jessica Chastain como colega de turma. Ele logo começou a trabalhar em teatro, TV e cinema, tendo reconhecimento inicial pelo papel de José no filme "The Nativity Story", em 2006. Continuando a adicionar títulos a sua filmografia nos anos seguintes, vieram "Balibo"; "Che", elogiada cinebiografia do revolucionário argentino; "Robin Hood", um enorme sucesso de bilheteria; "W.E.", estreia da cantora Madonna como diretora; e o aclamado "Drive" do diretor Nicolas Winding Refn.
  Apesar de aparecer em filmes de sucesso, Isaac ainda não tinha feito um nome para si. O que começou a mudar em 2013, quando estrelou o filme dos irmãos Coen "Inside Llewyn Davis", onde interpreta um talentoso músico folk com uma carreira fracassada. Por este filme, ele foi indicado a um Globo de Ouro e passou a ter um rosto conhecido. Desde então, Isaac passou a assumir os papéis principais de seus filmes, em "Em Segredo", contracenando com Jessica Lange, "As Duas Faces de Janeiro", "O Ano Mais Violento", "Ex Machina", "Star Wars: O Despertar da Força" e "X-Men: Apocalipse".

                                                            Em "Inside Llewyn Davis".

  Eu tenho que fazer uma pausa para comentar exclusivamente sobre o ano de 2015 na carreira de Isaac, pois este foi um graaande ano para o ator. Além de "Star Wars", que foi o maior lançamento do ano passado, onde interpreta um piloto da Resistência; "O Ano Mais Violento", onde interpreta um empresário de sucesso tentando manter seus negócios em uma Nova York extremamente violenta, atuação que lhe provocou comparações com Al Pacino, e "Ex Machina", onde interpreta o CEO de uma grande empresa que convida um de seus programadores para testar um robô com inteligência artificial, foram os dois filmes mais elogiados da sua carreira após o sucesso de "Inside Llewyn Davis", tendo "Ex Machina" sido um dos mais elogiados de 2015. Neste ano, ele também apareceu na minissérie da HBO, "Show Me a Hero", onde interpreta um jovem prefeito enfrentando um dilema, papel que o consagrou com um Globo de Ouro. A partir deste momento, Oscar Isaac se torna um dos melhores atores de sua geração.

                                                       Em "O Ano Mais Violento".

                                                                Em "Ex Machina".
 
  Mas o meu propósito em escrever este texto, além de tentar fazer todos os leitores deste blog se tornarem fãs deste ser humaninho é destacar as duas coisas que mencionei a princípio. Oscar Isaac não só está construindo uma excelente carreira, mas o está fazendo driblando os estereótipos, e desta forma, mostrando para a indústria cinematográfica que é possível que atores de qualquer etnia interpretem qualquer personagem. Além de que, na maioria dos posts deste blog eu tento apresentar algo bom do cinema, e o trabalho deste ator guatemalteco vem impressionando e promete continuar assim, então conhecer seus trabalhos anteriores e ficar atento aos próximos é a minha sugestão deste post. Antes que vocês possam separar tempo para ver tantos filmes, fica aqui uma amostra do que lhes espera, curta lançado em 2014 chamado "Ticky Tacky" estrelado pelo nosso latin lover amiguinho.


  Só algumas curiosidades, Oscar Isaac entrou na lista das "100 Pessoas Mais Influentes do Mundo" da Revista Time deste ano; ele também canta, tendo usado sua voz em "Inside Llewyn Davis" e dança, como demonstrado nesta memorável cena de "Ex Machina":



                                         


Então, é isso!



                                                      E esse gif, só porque ele é ótimo.


domingo, 5 de junho de 2016

Medo e liberdade.

  Eu estava me lembrando de umas histórias agora e achei que seria interessante compartilhá-las em um texto. Eu me lembro de quando eu era criança/pré-adolescente ter me tornado fã dos Jonas Brothers e das outras celebridades da Disney (Hannah Montana, High School Musical..), era o começo do fangirling na minha vida, e acompanhando as carreiras deles eu conheci o programa da Ellen DeGeneres e me tornei fã do programa e dela imediatamente (óbvio, ela e o seu programa são ótimos). Eu sabia que ela era lésbica, talvez eu não soubesse o que isso significava, mas percebia suas roupas masculinas e não achava estranho. Ah! A beleza das crianças não julgarem os outros. Um dia estava voltando da escola mais cedo, de carona com uma vizinha cujas filhas eram muito amigas minhas, elas também tinham os mesmos ídolos e conheciam o programa da Ellen, e então, eu comentei no carro que estava feliz pois ia pegar o programa dela passando na TV (na época, ele passava com frequência em um canal de TV à cabo). Eu não sei se a minha vizinha já sabia ou quem trouxe o assunto à tona, mas ela comentou sobre a sexualidade da comediante: "Isso é errado. Tá na Bíblia. É pecado". Então eu fiquei confusa, e até um pouco chateada, eu pensei: "Se ser gay é pecado, por que Deus faz pessoas gays?" Cheguei em casa e fui relatar o caso para a minha mãe, usando exatamente esta mesma pergunta. "Se ser gay é pecado, por que Deus faz pessoas gays?" Para o meu estranhamento, eu ouvi silêncio da minha mãe, e percebi que ela não estava indignada como eu, o que me decepcionou, pois esperava que minha mãe fosse concordar com a minha indignação. Minha mãe não é uma pessoa preconceituosa, ela jamais diria o que a vizinha disse, mas ela não estava chocada, ela sabia como as coisas eram. Agora eu já estou acostumada com esse silêncio dos que não concordam com a minha indignação. Ou dos que concordam, mas preferem não falar.
   A outra história, eu não me lembro se aconteceu antes ou depois, provavelmente antes, foi em um São João. A minha família, enorme por sinal, sempre se reúne e faz uma grande festa com quadrilha e tudo mais. Eu adorava dançar quadrilha e todo o ano escolhia um primo para ser o meu par. Naquele ano, por alguma razão, escolhi dançar com uma prima minha a quem eu era muito próxima. Minha família não queria deixar, e como eu era criança, eu esperneei e acabei dançando com a minha prima, que era mais nova do que eu e também não viu nada de errado. Eu não entendia o que os outros achavam de tão estranho, eu gostava da minha prima e queria dançar com ela assim como era com os meus primos. Hoje eu me pergunto se meus pais temeram que eu estivesse demostrando alguma tendência à homossexualidade, apesar de eu achar que eles e o resto da minha família só queriam manter a tradição. Eu não sabia o que eram pessoas homossexuais, eu me tornei uma pessoa heterossexual e talvez eu já me percebesse assim na época, eu quis fazer o que tive vontade sem me preocupar com o que os outros iriam pensar. Ah! A beleza da liberdade das crianças em não terem medo do julgamento alheio.

  Eu me pergunto porque a gente faz isto com as crianças. Porque a gente corrompe as crianças com nossas preocupações em relação a coisas idiotas e pequenas. Quando eu era criança eu sabia que a sexualidade da Ellen DeGeneres não afetava em nada a forma como eu a via, que eu podia fazer o que quiser sem medo do que os outros vão pensar. Eu também mudei, eu também fui corrompida. Porque eu me senti nervosa escrevendo este texto pela forma como eu ia ser percebida. Eu não o admito com orgulho. Senti medo de escrever um texto que iria falar em defesa de uma minoria, o que eu acho uma coisa linda, medo do que os outros iam pensar das minhas ideias. Assim como algumas pessoas tem medo de usar a palavra "feminista". Além de termos vergonha de ser o que somos e fazermos o que quisermos, temos medo também de termos nossas ideias. Eu não acho que os meus pais, o resto da minha família e até a minha vizinha tiveram alguma má intenção em fazer o que fizeram, eles seguiram as convenções, convenções que podem existir, mas não devem restringir nossa liberdade ou serem usadas para ofender os outros. Isso afeta a nós todos, porque sempre temos um pouco de vergonha sem necessidade e restringimos um pouco a nossa liberdade por causa disso. Citando Nina Simone, "Liberdade para mim é isto: Não ter medo." Vamos ser livres e deixarmos os outros serem livres.