Como em muitos meios profissionais, as mulheres ainda são minoria entre os diretores de cinema. Porém, com a conscientização que vem acontecendo recentemente, público e profissionais da indústria cinematográfica enxergaram a necessidade de se ter mais diretoras e de se dar mais destaque às já atuantes. Algumas pessoas já estão colocando a mão na massa para tornar isso uma realidade, a atriz Jessica Chastain abriu uma produtora com o objetivo de valorizar as mulheres no cinema e disse ter o objetivo de trabalhar com pelo menos uma diretora por ano. Não só tentando cumprir uma "agenda política", é interessante conhecer as diretoras de destaque para conhecer bons trabalhos que talvez tenham passado despercebido pela do grande público.
Kathryn Bigelow
Acostumou-se a ver o trabalho de diretoras como mais pessoal e psicológico, mas Bigelow é uma diretora de filmes de ação. Com um estilo mais "viril", Bigelow fez sua marca com esse gênero, sendo seus dois últimos e mais conhecidos filmes situados em um contexto de guerra, "Guerra ao Terror" -que lhe rendeu prêmios Oscar de melhor filme e melhor direção- e "A Hora Mais Escura". A primeira mulher a vencer um Oscar por direção começou dirigindo um curta chamado "The Set Up", uma desconstrução da violência com duração de 20 minutos, onde Bigelow pediu dos atores que realmente batessem um no outro. Seu primeiro longa, em 1982, se chamou "The Loveless", estrelando Willem Dafoe em seu primeiro papel principal em um filme, seus três filmes seguintes- "Aço Azul", "Caçadores de emoção" e "Estranhos Prazeres"- iriam ter sucesso comercial e de crítica, lançando a diretora como um sucesso hollywoodiano e uma diretora autoral. Apesar de décadas de profissão, tendo colhido frutos com seus trabalhos, "Guerra ao Terror" lançado em 2008 iria mudar tudo para a diretora.
"Guerra ao Terror" se passa no Iraque pós-invasão, focando em um sargento especialista em desarmar bombas e no esquadrão responsável pela sua segurança. Ele apresenta as situações de tirar o fôlego em que esses personagens se envolvem e dá um pequeno, porém significativo, insight no que se passa na cabeça desses personagens vivendo longe de suas famílias em um ambiente de violência. "Guerra ao Terror" venceu a maioria dos prêmios Oscar na edição de 2010, incluindo o de direção para Kathryn Bigelow, feito inédito para uma diretora mulher. Seu filme seguinte, "A Hora Mais Escura", também foi muito aclamado, tendo sido lançado um ano após a morte de Osama Bin-Laden e narrando o trabalho de busca pelo terrorista durante vários anos após o 11 de setembro. A personagem principal é uma analista da CIA que trabalho incessantemente para capturar Bin-Laden, a cena final é maravilhosamente filmada e ele, assim como "Guerra ao Terror", não deixa de explorar o lado psicológico de seus personagens principais. No entanto, o filme gerou controvérsia por apresentar cenas de tortura como método de interrogação, algo realmente debatível. É importante lembrar que esse filme representa a visão americana da situação e não há nada de errado nisso, só é uma pena que essa visão seja tão mais conhecida do que o outro lado, algo que o cinema também pode ajudar a consertar se o espectador tiver curiosidade em assistir filmes que retratem as vítimas não-americanas do terrorismo e da guerra. De um jeito ou de outro, é garantido que "A Hora Mais Escura", assim como os outros títulos de Kathryn Bigelow, vale a pena ser assistido. Próximo ano, ela lançará um filme sobre os protestos que ocorreram na cidade americana Detroit em 1967.
Sofia Coppola
Filha do prestigiado diretor Francis Ford Coppola, Sofia conseguiu fazer seu próprio nome apesar da grande influência do seu pai no mundo cinematográfico. Seu primeiro longa foi "As Virgens Suicidas", lançado em 1999, baseado no livro de Jeffrey Eugenides; ele é estrelado por Kirsten Dunst e conta a história de cinco irmãs reprimidas pelo superprotecionismo dos seus pais contagiadas pelo sentimento de melancolia que a irmã mais nova deixa após se suicidar. O filme lida com temas muito sensíveis, intrínsecos às vidas de seus personagens, e lidados com muito delicadeza. Ele foi bem recebido pela crítica, o que fez dele uma boa estréia para Coppola. Seu segundo filme, lançado em 2003, se chama "Encontros e Desencontros", estrelado por Bill Murray e Scarlett Johansson, ele foi mais aclamado do que "As Virgens Suicidas", rendendo a Coppola indicações a vários prêmios, inclusive ao de Melhor Direção e Melhor Roteiro Original nos prêmios Oscar de 2004, saindo premiada pelo roteiro. Coppola foi, então, apenas a terceira diretora a ser indicada ao Oscar por direção e a segunda a vencer por roteiro. "Encontros e Desencontros" fala sobre solidão ao retratar o encontro de dois estranhos em um hotel no Japão.
Coppola vem sendo uma diretora muito ativa; após os seus primeiros filmes, ela lançou "Maria Antonieta" em 2006- uma versão altamente estilizada que retrata Maria Antonieta de forma mais humanizada do que estamos acostumados a enxergá-la- "Um Lugar Qualquer" em 2010 e "The Bling Ring" em 2013. Seu próximo projeto se chamará "The Beguiled" e será lançado próximo ano.
Anna Muylaert
Diretora brasileira que ganhou muito destaque ano passado após o sucesso de "Que horas ela volta?" Anna trabalhou no Castelo Rá-tim-bum e em outros programas de TV infantis até até co-escrever a série da HBO "Filhos do Carnaval" em 2005 e continuar escrevendo roteiros e dirigindo curtas antes de assumir a direção de longas. "Que horas ela volta?" foi apenas o seu segundo longa-metragem e já estreou com sucesso nos festivais de Sundance e de Berlim, além de ter tentado uma vaga na categoria Melhor Filme Estrangeiro do Oscar, infelizmente, sem sucesso. Esse ano ela já lançou outro filme, chamado "Mãe Só Há Uma", também premiado nos mesmos festivais, Sundance e Berlim, nas edições deste ano. Assim como "Que horas ela volta?", "Mãe Só Há Uma" também trata da relação mãe e filho e de minorias. O primeiro conta a história de uma emprega que recebe sua filha na casa de seus patrões e o segundo de um adolescente passando pela mudança de descobrir que a mulher que o criou não é a sua mãe e a busca pela sua identidade sexual.
Ava DuVernay
Ava DuVernay não começou cedo como diretora, se formou em Inglês e Estudos Afro-Americanos, trabalhou como jornalista e em relações públicas. No ano de 2008, ela fez sua estreia diretorial com o documentário "This Is the Life", a escolha de começar dirigindo um documentário foi pelo baixo orçamento deste gênero de filme e a possibilidade de aprender mais sobre o exercício durante a execução. Seu primeiro filme de ficção foi "I Will Follow", lançado em 2011, sob um baixo orçamento e com boa recepção; seu segunde longa de ficção já foi mais longe, "Middle of Nowhere" lhe rendeu o prêmio de melhor direção no Festival de Sundance, na ocasião, foi a primeira vez que uma mulher afro-americana venceu o prêmio. DuVernay ganhou popularidade com "Selma", lançado em 2014, onde retrata a marcha entre as cidades de Selma e Montgomery, nos Estados Unidos, pelos direitos civis na década de 60, liderada por Martin Luther King. "Selma" explora os desafios enfrentados pelo famoso ativista dos direitos civis, mostrando as dificuldades impostas por políticos e povo e as estrategias que MLK usou para chegar aos seus objetivos, além de suas relações pessoais e políticas. Apesar de ter sido muito aclamado, o filme só recebeu duas indicações aos prêmios Oscar, o que gerou controvérsia, pois muitos interpretaram como injusta as ausências de Ava e do ator David Oyelowo entre os indicados.
Amma Asante nasceu na Inglaterra, filha de imigrantes ganenses. Ainda possui uma pequena filmografia, o que torna seus feitos ainda mais impressionantes. Após ter trabalhado como roteirista, Asante fundou sua própria produtora, e assim fez seu primeiro filme, "A Way of Life". Seu filme seguinte, "Belle", foi um grande sucesso, ele conta a história de uma filha ilegítima mulata na Inglaterra do século XVIII. Interpretada por Gugu Mbatha-Raw, a personagem real chamada Dido Elizabeth Belle foi descoberta por Asante após ela ver o retrato de Belle com sua prima. No filme, é representada uma preocupação de Belle quando o retrato está sendo pintado, pois todas as imagens que ela havia visto das pessoas com cor de pele semelhante a sua mostravam uma relação de servidão. Asante justificou sua escolha em contar a história de Dido por ela adorar filmes de época, mas não ver pessoas negras nele, sendo esta história a realização para a diretora de fazer filme de época sem abrir mão da representatividade.
Amma Asante está prestes a lançar seu terceiro filme este ano, ele se chama "A United Kingdom" e conta a história verídica Seretse Khama, o então príncipe do país que atualmente é o Botswana e Ruth Williams, uma moça inglesa de classe média; os dois se apaixonaram enquanto Khama estudava direito em Londres e seu casamento foi desaprovado por ambas famílias do casal e os governos britânico e sul-africano (o segundo devido ao apartheid).
Haifaa al-Mansour
Essa diretora árabe-saudita se tornou a primeira mulher a dirigir um filme no seu país. "O Sonho de Wadjda", seu primeiro longa-metragem, conta a história de uma menina de 11 anos que sonha em ter uma bicicleta; para atingir seu objetivo, ela participa de um concurso na sua escola cujo prêmio é a soma de dinheiro suficiente para Wadjda comprar a sua bicicleta; no entanto, ela ainda enfrenta a resistência à meninas andarem de bicicleta pelos professores da sua escola. O filme é muito sensível em apresentar as relações Wadjda com sua mãe e seu melhor amigo e não torna pesado o tema, focando na determinação de sua personagem principal invés de seus desafios, os quais também não são ignorados. A diretora está produzindo seu segundo filme, chamado "A Storm in the Stars", sobre a relação amorosa entre a escritora Mary Shelley e o poeta Percy Brysshe Shelley.
Mira Nair
Sempre explorando a cultura indiana, Mira Nair é uma diretora com tempo de estrada. Começou a fazer documentários explorando as tradições indianas na década de 80; seu primeiro filme de ficção foi "Salaam Bombay!", não fez sucesso nas bilheterias, mas foi indicado ao Oscar na categoria Melhor Filme Estrangeiro. Seu segundo filme, "Mississipi Masala", com Denzel Washington no elenco, conta a história de ugandenses de origem indiana se sentindo deslocados no estado americano do Mississipi. Seu próximo filme de destaque seria "Monsoon Wedding", lançado em 2001, filmado apenas com uma pequena equipe e alguns conhecidos de Nair como elenco, o filme conta a história de um casamento panjabi e rendeu à diretora indiana o prêmio Leão de Ouro do Festival de Berlim, tornando-a a primeira diretora a receber tal honraria, além de ter arrecado 30 milhões de dólares em todo o mundo, sendo o filme indiano de maior sucesso até então. Ela dirigiu em seguida "O xará" e "O Relutante Fundamentalista", ambos elogiados pela crítica.
Nair acaba de lançar este ano o filme "Rainha de Katwe", que conta a história real de um prodígio do xandrez ugandense, Lupita Nyong'o e David Oyelowo estão no elenco.
Ana Lily Amirpour
Com apenas 36 anos e dois filmes no currículo, Ana Lily Amirpour ganhou respeito no meio cinematográfico pela sua estreia com o filme "Garota Sombria Caminha Pela Noite". Descrito como "o primeiro western de vampiros iraniano", a história se passa no Irã, mas foi filmado nos Estados Unidos, onde uma solitária vampira ronda por uma pequena cidade sem o conhecimento da população. Amirpour, nascida nos Estados Unidos e de origem iraniana, lançou seu segundo filme este ano, chamado "The Bad Batch", no Festival de Veneza. O terror romântico que concorreu ao Leão de Ouro tem elenco estrelado, com Jason Momoa, Keanu Reeves e Jim Carrey.
Bônus- "Mia Madre"
Esse filme não foi dirigido por uma mulher, mas seu personagem principal é uma diretora de cinema, algo muito interessante. O filme foi dirigido por Nanni Moretti, que também atua como o irmão da personagem principal. Marguerita é uma diretora de cinema famosa gravando um filme enquanto sua mãe está muito doente, tendo também que lidar com um ator trabalhoso. Marguerita é a mulher com vários papéis- diretora, filha, mãe, irmã- tendo várias nuances, da liderança no seu trabalho à fragilidade como uma filha que vê sua mãe morrer.
Acostumou-se a ver o trabalho de diretoras como mais pessoal e psicológico, mas Bigelow é uma diretora de filmes de ação. Com um estilo mais "viril", Bigelow fez sua marca com esse gênero, sendo seus dois últimos e mais conhecidos filmes situados em um contexto de guerra, "Guerra ao Terror" -que lhe rendeu prêmios Oscar de melhor filme e melhor direção- e "A Hora Mais Escura". A primeira mulher a vencer um Oscar por direção começou dirigindo um curta chamado "The Set Up", uma desconstrução da violência com duração de 20 minutos, onde Bigelow pediu dos atores que realmente batessem um no outro. Seu primeiro longa, em 1982, se chamou "The Loveless", estrelando Willem Dafoe em seu primeiro papel principal em um filme, seus três filmes seguintes- "Aço Azul", "Caçadores de emoção" e "Estranhos Prazeres"- iriam ter sucesso comercial e de crítica, lançando a diretora como um sucesso hollywoodiano e uma diretora autoral. Apesar de décadas de profissão, tendo colhido frutos com seus trabalhos, "Guerra ao Terror" lançado em 2008 iria mudar tudo para a diretora.
"Guerra ao Terror" se passa no Iraque pós-invasão, focando em um sargento especialista em desarmar bombas e no esquadrão responsável pela sua segurança. Ele apresenta as situações de tirar o fôlego em que esses personagens se envolvem e dá um pequeno, porém significativo, insight no que se passa na cabeça desses personagens vivendo longe de suas famílias em um ambiente de violência. "Guerra ao Terror" venceu a maioria dos prêmios Oscar na edição de 2010, incluindo o de direção para Kathryn Bigelow, feito inédito para uma diretora mulher. Seu filme seguinte, "A Hora Mais Escura", também foi muito aclamado, tendo sido lançado um ano após a morte de Osama Bin-Laden e narrando o trabalho de busca pelo terrorista durante vários anos após o 11 de setembro. A personagem principal é uma analista da CIA que trabalho incessantemente para capturar Bin-Laden, a cena final é maravilhosamente filmada e ele, assim como "Guerra ao Terror", não deixa de explorar o lado psicológico de seus personagens principais. No entanto, o filme gerou controvérsia por apresentar cenas de tortura como método de interrogação, algo realmente debatível. É importante lembrar que esse filme representa a visão americana da situação e não há nada de errado nisso, só é uma pena que essa visão seja tão mais conhecida do que o outro lado, algo que o cinema também pode ajudar a consertar se o espectador tiver curiosidade em assistir filmes que retratem as vítimas não-americanas do terrorismo e da guerra. De um jeito ou de outro, é garantido que "A Hora Mais Escura", assim como os outros títulos de Kathryn Bigelow, vale a pena ser assistido. Próximo ano, ela lançará um filme sobre os protestos que ocorreram na cidade americana Detroit em 1967.
Sofia Coppola
Filha do prestigiado diretor Francis Ford Coppola, Sofia conseguiu fazer seu próprio nome apesar da grande influência do seu pai no mundo cinematográfico. Seu primeiro longa foi "As Virgens Suicidas", lançado em 1999, baseado no livro de Jeffrey Eugenides; ele é estrelado por Kirsten Dunst e conta a história de cinco irmãs reprimidas pelo superprotecionismo dos seus pais contagiadas pelo sentimento de melancolia que a irmã mais nova deixa após se suicidar. O filme lida com temas muito sensíveis, intrínsecos às vidas de seus personagens, e lidados com muito delicadeza. Ele foi bem recebido pela crítica, o que fez dele uma boa estréia para Coppola. Seu segundo filme, lançado em 2003, se chama "Encontros e Desencontros", estrelado por Bill Murray e Scarlett Johansson, ele foi mais aclamado do que "As Virgens Suicidas", rendendo a Coppola indicações a vários prêmios, inclusive ao de Melhor Direção e Melhor Roteiro Original nos prêmios Oscar de 2004, saindo premiada pelo roteiro. Coppola foi, então, apenas a terceira diretora a ser indicada ao Oscar por direção e a segunda a vencer por roteiro. "Encontros e Desencontros" fala sobre solidão ao retratar o encontro de dois estranhos em um hotel no Japão.
Coppola vem sendo uma diretora muito ativa; após os seus primeiros filmes, ela lançou "Maria Antonieta" em 2006- uma versão altamente estilizada que retrata Maria Antonieta de forma mais humanizada do que estamos acostumados a enxergá-la- "Um Lugar Qualquer" em 2010 e "The Bling Ring" em 2013. Seu próximo projeto se chamará "The Beguiled" e será lançado próximo ano.
Anna Muylaert
Diretora brasileira que ganhou muito destaque ano passado após o sucesso de "Que horas ela volta?" Anna trabalhou no Castelo Rá-tim-bum e em outros programas de TV infantis até até co-escrever a série da HBO "Filhos do Carnaval" em 2005 e continuar escrevendo roteiros e dirigindo curtas antes de assumir a direção de longas. "Que horas ela volta?" foi apenas o seu segundo longa-metragem e já estreou com sucesso nos festivais de Sundance e de Berlim, além de ter tentado uma vaga na categoria Melhor Filme Estrangeiro do Oscar, infelizmente, sem sucesso. Esse ano ela já lançou outro filme, chamado "Mãe Só Há Uma", também premiado nos mesmos festivais, Sundance e Berlim, nas edições deste ano. Assim como "Que horas ela volta?", "Mãe Só Há Uma" também trata da relação mãe e filho e de minorias. O primeiro conta a história de uma emprega que recebe sua filha na casa de seus patrões e o segundo de um adolescente passando pela mudança de descobrir que a mulher que o criou não é a sua mãe e a busca pela sua identidade sexual.
Ava DuVernay
Ava DuVernay não começou cedo como diretora, se formou em Inglês e Estudos Afro-Americanos, trabalhou como jornalista e em relações públicas. No ano de 2008, ela fez sua estreia diretorial com o documentário "This Is the Life", a escolha de começar dirigindo um documentário foi pelo baixo orçamento deste gênero de filme e a possibilidade de aprender mais sobre o exercício durante a execução. Seu primeiro filme de ficção foi "I Will Follow", lançado em 2011, sob um baixo orçamento e com boa recepção; seu segunde longa de ficção já foi mais longe, "Middle of Nowhere" lhe rendeu o prêmio de melhor direção no Festival de Sundance, na ocasião, foi a primeira vez que uma mulher afro-americana venceu o prêmio. DuVernay ganhou popularidade com "Selma", lançado em 2014, onde retrata a marcha entre as cidades de Selma e Montgomery, nos Estados Unidos, pelos direitos civis na década de 60, liderada por Martin Luther King. "Selma" explora os desafios enfrentados pelo famoso ativista dos direitos civis, mostrando as dificuldades impostas por políticos e povo e as estrategias que MLK usou para chegar aos seus objetivos, além de suas relações pessoais e políticas. Apesar de ter sido muito aclamado, o filme só recebeu duas indicações aos prêmios Oscar, o que gerou controvérsia, pois muitos interpretaram como injusta as ausências de Ava e do ator David Oyelowo entre os indicados.
Após "Selma", DuVernay dirigiu um documentário chamado "A 13ª Emenda", distribuído pelo Netflix, criou uma série chamada "Queen of Sugar" e está atualmente gravando "A Wrinkle in Time", filme produzido pela Disney e baseado no livro de ficção científica de mesmo nome da autora Madeleine L'Engle.
Amma Asante
Amma Asante está prestes a lançar seu terceiro filme este ano, ele se chama "A United Kingdom" e conta a história verídica Seretse Khama, o então príncipe do país que atualmente é o Botswana e Ruth Williams, uma moça inglesa de classe média; os dois se apaixonaram enquanto Khama estudava direito em Londres e seu casamento foi desaprovado por ambas famílias do casal e os governos britânico e sul-africano (o segundo devido ao apartheid).
Haifaa al-Mansour
Essa diretora árabe-saudita se tornou a primeira mulher a dirigir um filme no seu país. "O Sonho de Wadjda", seu primeiro longa-metragem, conta a história de uma menina de 11 anos que sonha em ter uma bicicleta; para atingir seu objetivo, ela participa de um concurso na sua escola cujo prêmio é a soma de dinheiro suficiente para Wadjda comprar a sua bicicleta; no entanto, ela ainda enfrenta a resistência à meninas andarem de bicicleta pelos professores da sua escola. O filme é muito sensível em apresentar as relações Wadjda com sua mãe e seu melhor amigo e não torna pesado o tema, focando na determinação de sua personagem principal invés de seus desafios, os quais também não são ignorados. A diretora está produzindo seu segundo filme, chamado "A Storm in the Stars", sobre a relação amorosa entre a escritora Mary Shelley e o poeta Percy Brysshe Shelley.
Mira Nair
Sempre explorando a cultura indiana, Mira Nair é uma diretora com tempo de estrada. Começou a fazer documentários explorando as tradições indianas na década de 80; seu primeiro filme de ficção foi "Salaam Bombay!", não fez sucesso nas bilheterias, mas foi indicado ao Oscar na categoria Melhor Filme Estrangeiro. Seu segundo filme, "Mississipi Masala", com Denzel Washington no elenco, conta a história de ugandenses de origem indiana se sentindo deslocados no estado americano do Mississipi. Seu próximo filme de destaque seria "Monsoon Wedding", lançado em 2001, filmado apenas com uma pequena equipe e alguns conhecidos de Nair como elenco, o filme conta a história de um casamento panjabi e rendeu à diretora indiana o prêmio Leão de Ouro do Festival de Berlim, tornando-a a primeira diretora a receber tal honraria, além de ter arrecado 30 milhões de dólares em todo o mundo, sendo o filme indiano de maior sucesso até então. Ela dirigiu em seguida "O xará" e "O Relutante Fundamentalista", ambos elogiados pela crítica.
Nair acaba de lançar este ano o filme "Rainha de Katwe", que conta a história real de um prodígio do xandrez ugandense, Lupita Nyong'o e David Oyelowo estão no elenco.
Ana Lily Amirpour
Com apenas 36 anos e dois filmes no currículo, Ana Lily Amirpour ganhou respeito no meio cinematográfico pela sua estreia com o filme "Garota Sombria Caminha Pela Noite". Descrito como "o primeiro western de vampiros iraniano", a história se passa no Irã, mas foi filmado nos Estados Unidos, onde uma solitária vampira ronda por uma pequena cidade sem o conhecimento da população. Amirpour, nascida nos Estados Unidos e de origem iraniana, lançou seu segundo filme este ano, chamado "The Bad Batch", no Festival de Veneza. O terror romântico que concorreu ao Leão de Ouro tem elenco estrelado, com Jason Momoa, Keanu Reeves e Jim Carrey.
Bônus- "Mia Madre"
Esse filme não foi dirigido por uma mulher, mas seu personagem principal é uma diretora de cinema, algo muito interessante. O filme foi dirigido por Nanni Moretti, que também atua como o irmão da personagem principal. Marguerita é uma diretora de cinema famosa gravando um filme enquanto sua mãe está muito doente, tendo também que lidar com um ator trabalhoso. Marguerita é a mulher com vários papéis- diretora, filha, mãe, irmã- tendo várias nuances, da liderança no seu trabalho à fragilidade como uma filha que vê sua mãe morrer.