Nesta época do ano de festas e reuniões familiares, não existe nada melhor do que assistir um bom filme de Natal com a família. Felizmente, existem várias opções de filmes meigos que exprimem o espírito natalino e te deixam no clima para as festas de final de ano.
Um Duende em Nova York
Um dos filmes mais amados de Natal, "Um Duende em Nova York" conta a história de um órfão deixado na soleira do Papai Noel no Natal de 1973, sendo criado acreditando ser um duende (apesar da sua altura não sugerir o mesmo). Ao descobrir ser um humano, ele vai à Nova York a procura do seu pai biológico. Chegando lá na época do Natal, ele se mete em muitas situações engraçadas por levar o espírito natalino muito à sério, afinal ele foi criado acreditando ser um ajudante do Papai Noel. Dirigido por Jon Favreau, o filme conta com Will Ferrell no papel principal, e James Caan, Zooey Deschanel, Mary Steenburgen e um então desconhecido Peter Dinklage no resto do elenco.
"Ele é um impostor!"
A felicidade não se compra
Lançado em 1946, "A felicidade não se compra" conta a história de um homem que decide se suicidar na véspera do Natal, mas um anjo aparece para ele e lhe mostra como seria a vida de todas as pessoas da sua cidade se ele nunca tivesse existido. Um filme que fala a todos, retratando o desespero de alguém que sente que não atingiu o que queria, mas que tudo pode ficar bem mesmo assim. Dirigido por Frank Capra e com James Stewart no papel principal.
O Expresso Polar
Uma das primeiras animação feitas com captura de movimento, "O Expresso Polar", dirigido por Robert Zemeckis, se baseia no livro de mesmo nome lançado em 1985. Ele narra a história de um garoto que após duvidar a existência do Papai Noel descobre um trem indo em direção ao Polo Norte. Tom Hanks interpreta vários personagens do filme com adição de outros atores para a voz e modelagem dos personagens.
O Estranho Mundo de Jack
Outra animação de Natal, "O Estranho Mundo de Jack" foi lançado em 1993 sob direção de Tim Burton. O filme foi pensado inicialmente como um curta, mas quando Tim Burton entrou no projeto, ele foi feito como um longa. Nele, Jack Skellington vive na Cidade do Halloween, onde sempre é o centro das atenções nas festa de dia das bruxas, mas ao encontrar a Cidade do Natal, decide celebrar o Natal. O filme fez enorme sucesso comercial na época da sua estreia e até hoje é um filme muito popular.
O amor não tira férias
Considerado um clássico de Natal moderno, "O amor não tira férias", dirigido por Nancy Meyers e lançado em 2006, conta a história de duas mulheres desiludidas com o amor que trocam de casas- uma mora na Inglaterra e a outro nos Estados Unidos- durante o Natal. Interpretadas por Kate Winslet e Cameron Diaz, o elenco também conta com Jude Law e Jack Black.
Esqueceram de mim
Lançado em 1990, "Esqueceram de mim" se tornou imensamente popular contando a história de um menino esquecido em casa durante o Natal inventando as mais diversas armadilhas contra os ladrões que tentam roubar a casa. O filme tornou Macaulay Culkin um dos atores mirins mais conhecidos de sua época e passa nos canais de TV repetidamente desde então.
Amor à primeira vista
"Amor à primeira vista" não é a rigor um filme de Natal, mas é uma história que começa e termina em um Natal, ou seja, os personagens se conhecem e sua história tem um desfecho durante um período natalino. Nele, um homem e uma mulher se conhecem enquanto fazem compras de Natal para as suas respectivas famílias, eles desenvolvem a partir daí uma relação romântica problemática. Estrelado por Meryl Streep e Robert De Niro.
Apenas amigos
Ryan Reynolds interpreta um homem que reencontra a sua antiga paixonite dos tempos de ensino médio, de quem era melhor amigo, ao retornar para a sua cidade natal durante o período de festas. A rejeição dela a fim de manter a amizade entre os dois na adolescência o motivou a perder peso e buscar uma carreira de sucesso como executivo do ramo musical.
O Grinch
Lançamento em 2000, "O Grinch" conta a história de uma criatura verde que detesta o Natal e planeja arruiná-lo. Interpretado por Jim Carrey- Jack Nicholson e Eddie Murphy foram considerados para o papel antes- "O Grinch" foi um grande sucesso comercial e continua sendo um dos filmes de Natal mais populares até então, com inúmeras reprises nos canais de TV aberta.
"Ódio, ódio, ódio!"
Carol
Não exatamente um filme de Natal, "Carol", dirigido por Todd Haynes, foi muito elogiado pelo seu aspecto visual e a beleza com que recriou a década de 1950. O filme começa em um período natalino, onde as duas personagens principais- que irão se envolver romanticamente- se conhecem em uma loja de departamentos onde uma é atendente e a outra faz suas compras de Natal. Durante grande parte do começo do filme, vê-se uma Nova York dos anos 1950 natalina, dando aquele espírito nostálgico que combina muito com este feriado.
Meninas Malvadas
Outro filme que, mesmo sem ser um propriamente um filme de Natal, não podia deixar de ser mencionado devido a sua famosa coreografia de Natal. Em "Meninas Malvadas", uma comédia sobre uma menina africana indo para a escola pela primeira vez nos Estados Unidos, o grupo de meninas populares o qual ela passa a integrar tradicionalmente faz uma coreografia todos os anos na apresentação de talentos da escola. Assim como vários outros momentos do filme, esta cena ficou marcada e é sempre muito referenciada.
Existe uma dificuldade entre admiradores de diversas formas de arte em aceitar alguns fatos relacionados a vida dos seus ídolos. A verdade é que muitas pessoas prestigiadas em seus campos de trabalho não são respeitáveis, e nós queremos adorá-las pessoalmente, ou não conseguimos mais apreciar o trabalho delas- principalmente o de artistas, pois envolve sua subjetividade- após conhecer o lado obscuro de suas vidas. Este ano vimos várias pessoas prestigiadas no cinema terem suas reputações manchadas sqn por acusações chocantes. Talvez pela maior e mais rápida disseminação de notícias e uma consciência maior quanto a certas atitudes antes relevadas. No meio do ano, Johnny Depp foi acusado pela esposa de agressão física; recentemente, Bernardo Bertolucci admitiu que uma das cenas de sexo em "O Último Tango em Paris" foi feita sem o consentimento, ou conhecimento, da atriz Maria Schneider; dois cotados ao Oscar do próximo ano, o diretor Nate Parker e o ator Casey Affleck estão sendo atormentados por antigas acusações de estupro e assédio sexual.
O diretor Bernardo Bertolucci.
É importante entender que bom profissional não significa boa pessoa, o público precisa aceitar estas verdades e não ignorá-las, diminuir a seriedade delas ou negá-las apesar das evidências. A fama possibilita a sensacionalização desses casos, o que coloca dúvidas em alguns deles; mas celebridades são como qualquer outra pessoa, elas podem estar sendo falsamente acusadas, mas a maioria das acusações tem base. Não é errado querer continuar a apreciar o trabalhos deles, isso não significa diretamente que se está sendo conivente com estas atitudes. O único dever do público é condenar estas atitudes veemente.
Além do mais, como se percebe, muitos destes profissionais conseguem continuar suas carreiras sem maiores danos, o que prova como os crimes de que são acusados não são levados à sério. Assim, não podemos evitar discutir o machismo presente- não só nesses casos- pois a crimes como violência doméstica, estupro e assédio sexual ainda não é dada a devida seriedade. Se esses crimes fossem vistos com a gravidade que têm, será que tantos continuariam à ativa- muitas vezes recebendo louros- tão facilmente?
Outro aspecto é o prestígio, continuar a reconhecer seu trabalho é aceitável, mas aplaudir enquanto são homenageados? Não. Acho que Casey Affleck não deve ganhar o Oscar- que não é como um sabre de luz que sai voando em direção a seu dono legítimo. Outros atores sem acusações nauseantes de crimes no passado também renderam atuações merecedoras de Oscar este ano. E se Nate Parker teve o sucesso do seu filme vencedor do prêmio de Sundance, "O Nascimento de uma Nação", arruinado, por que Affleck continua no caminho para um Oscar? Talvez o fato dele ser branco, ter um sobrenome famoso e uma equipe de relações públicas fazendo de tudo para abafar os casos em que ele está envolvido tenha alguma coisa a ver.
Casey Affleck.
Nate Parker.
No entanto, nem sempre é fácil julgar os artistas. Monteiro Lobato, escritor de enorme importância para a literatura brasileira, já foi muitas vezes acusado de racismo. Devido à sua relevância para a literatura, sempre saem em sua defesa quando o assunto é levantado, e com bons argumentos, ideias consideradas racistas hoje realmente eram aceitáveis antigamente. Porém, Lobato provadamente defendia o KKK (grupo americano que assassivana negros) e a eugenia (ciência que defendia a eliminação dos negros a partir da genética) e esses fatos são varridos para de baixo do tapete a fim de preservar o autor do "Sítio do Pica-pau Amarelo" como o mestre do pré-modernismo no Brasil. O biógrafo de Monteiro Lobato, Vladimir Sacchetta, admitiu que "a defesa do Ku Klux Klan é indefensável", mesmo falando em prol do autor.
É possível reconhecer a importância de sua obra e lê-la sem negar estes fatos, pois ao ignorá-los se passa a mensagem que eles podem ser perdoados por causa do escritor que Lobato foi, ou que não são nada demais, quando representam um grande desajuste moral. Não querer ler suas obras e não gostar dele também é válido, a escolha de autores como clássicos não é factual, é possível estudar a literatura brasileira sem ler Monteiro Lobato.
É muito triste quando alguém que nos inspira nos decepciona tão profundamente, mas nós temos que perder esta necessidade de amar as pessoas que admiramos e diferenciar o profissional do indivíduo. Suas obras podem continuar a nos agradar, mas não podemos perder o senso crítico que condena a pessoa por trás delas. Afinal, pessoas bem-sucedidas também podem ser pessoas horríveis.
Como em muitos meios profissionais, as mulheres ainda são minoria entre os diretores de cinema. Porém, com a conscientização que vem acontecendo recentemente, público e profissionais da indústria cinematográfica enxergaram a necessidade de se ter mais diretoras e de se dar mais destaque às já atuantes. Algumas pessoas já estão colocando a mão na massa para tornar isso uma realidade, a atriz Jessica Chastain abriu uma produtora com o objetivo de valorizar as mulheres no cinema e disse ter o objetivo de trabalhar com pelo menos uma diretora por ano. Não só tentando cumprir uma "agenda política", é interessante conhecer as diretoras de destaque para conhecer bons trabalhos que talvez tenham passado despercebido pela do grande público.
Kathryn Bigelow
Acostumou-se a ver o trabalho de diretoras como mais pessoal e psicológico, mas Bigelow é uma diretora de filmes de ação. Com um estilo mais "viril", Bigelow fez sua marca com esse gênero, sendo seus dois últimos e mais conhecidos filmes situados em um contexto de guerra, "Guerra ao Terror" -que lhe rendeu prêmios Oscar de melhor filme e melhor direção- e "A Hora Mais Escura". A primeira mulher a vencer um Oscar por direção começou dirigindo um curta chamado "The Set Up",uma desconstrução da violência com duração de 20 minutos, onde Bigelow pediu dos atores que realmente batessem um no outro. Seu primeiro longa, em 1982, se chamou "The Loveless", estrelando Willem Dafoe em seu primeiro papel principal em um filme, seus três filmes seguintes- "Aço Azul", "Caçadores de emoção" e "Estranhos Prazeres"- iriam ter sucesso comercial e de crítica, lançando a diretora como um sucesso hollywoodiano e uma diretora autoral. Apesar de décadas de profissão, tendo colhido frutos com seus trabalhos, "Guerra ao Terror" lançado em 2008 iria mudar tudo para a diretora.
"Guerra ao Terror" se passa no Iraque pós-invasão, focando em um sargento especialista em desarmar bombas e no esquadrão responsável pela sua segurança. Ele apresenta as situações de tirar o fôlego em que esses personagens se envolvem e dá um pequeno, porém significativo, insight no que se passa na cabeça desses personagens vivendo longe de suas famílias em um ambiente de violência. "Guerra ao Terror" venceu a maioria dos prêmios Oscar na edição de 2010, incluindo o de direção para Kathryn Bigelow, feito inédito para uma diretora mulher. Seu filme seguinte, "A Hora Mais Escura", também foi muito aclamado, tendo sido lançado um ano após a morte de Osama Bin-Laden e narrando o trabalho de busca pelo terrorista durante vários anos após o 11 de setembro. A personagem principal é uma analista da CIA que trabalho incessantemente para capturar Bin-Laden, a cena final é maravilhosamente filmada e ele, assim como "Guerra ao Terror", não deixa de explorar o lado psicológico de seus personagens principais. No entanto, o filme gerou controvérsia por apresentar cenas de tortura como método de interrogação, algo realmente debatível. É importante lembrar que esse filme representa a visão americana da situação e não há nada de errado nisso, só é uma pena que essa visão seja tão mais conhecida do que o outro lado, algo que o cinema também pode ajudar a consertar se o espectador tiver curiosidade em assistir filmes que retratem as vítimas não-americanas do terrorismo e da guerra. De um jeito ou de outro, é garantido que "A Hora Mais Escura", assim como os outros títulos de Kathryn Bigelow, vale a pena ser assistido. Próximo ano, ela lançará um filme sobre os protestos que ocorreram na cidade americana Detroit em 1967.
Sofia Coppola
Filha do prestigiado diretor Francis Ford Coppola, Sofia conseguiu fazer seu próprio nome apesar da grande influência do seu pai no mundo cinematográfico. Seu primeiro longa foi "As Virgens Suicidas", lançado em 1999, baseado no livro de Jeffrey Eugenides; ele é estrelado por Kirsten Dunst e conta a história de cinco irmãs reprimidas pelo superprotecionismo dos seus pais contagiadas pelo sentimento de melancolia que a irmã mais nova deixa após se suicidar. O filme lida com temas muito sensíveis, intrínsecos às vidas de seus personagens, e lidados com muito delicadeza. Ele foi bem recebido pela crítica, o que fez dele uma boa estréia para Coppola. Seu segundo filme, lançado em 2003, se chama "Encontros e Desencontros", estrelado por Bill Murray e Scarlett Johansson, ele foi mais aclamado do que "As Virgens Suicidas", rendendo a Coppola indicações a vários prêmios, inclusive ao de Melhor Direção e Melhor Roteiro Original nos prêmios Oscar de 2004, saindo premiada pelo roteiro. Coppola foi, então, apenas a terceira diretora a ser indicada ao Oscar por direção e a segunda a vencer por roteiro. "Encontros e Desencontros" fala sobre solidão ao retratar o encontro de dois estranhos em um hotel no Japão.
Coppola vem sendo uma diretora muito ativa; após os seus primeiros filmes, ela lançou "Maria Antonieta" em 2006- uma versão altamente estilizada que retrata Maria Antonieta de forma mais humanizada do que estamos acostumados a enxergá-la- "Um Lugar Qualquer" em 2010 e "The Bling Ring" em 2013. Seu próximo projeto se chamará "The Beguiled" e será lançado próximo ano.
Anna Muylaert
Diretora brasileira que ganhou muito destaque ano passado após o sucesso de "Que horas ela volta?" Anna trabalhou no Castelo Rá-tim-bum e em outros programas de TV infantis até até co-escrever a série da HBO "Filhos do Carnaval" em 2005 e continuar escrevendo roteiros e dirigindo curtas antes de assumir a direção de longas. "Que horas ela volta?" foi apenas o seu segundo longa-metragem e já estreou com sucesso nos festivais de Sundance e de Berlim, além de ter tentado uma vaga na categoria Melhor Filme Estrangeiro do Oscar, infelizmente, sem sucesso. Esse ano ela já lançou outro filme, chamado "Mãe Só Há Uma", também premiado nos mesmos festivais, Sundance e Berlim, nas edições deste ano. Assim como "Que horas ela volta?", "Mãe Só Há Uma" também trata da relação mãe e filho e de minorias. O primeiro conta a história de uma emprega que recebe sua filha na casa de seus patrões e o segundo de um adolescente passando pela mudança de descobrir que a mulher que o criou não é a sua mãe e a busca pela sua identidade sexual.
Ava DuVernay
Ava DuVernay não começou cedo como diretora, se formou em Inglês e Estudos Afro-Americanos, trabalhou como jornalista e em relações públicas. No ano de 2008, ela fez sua estreia diretorial com o documentário "This Is the Life", a escolha de começar dirigindo um documentário foi pelo baixo orçamento deste gênero de filme e a possibilidade de aprender mais sobre o exercício durante a execução. Seu primeiro filme de ficção foi "I Will Follow", lançado em 2011, sob um baixo orçamento e com boa recepção; seu segunde longa de ficção já foi mais longe, "Middle of Nowhere" lhe rendeu o prêmio de melhor direção no Festival de Sundance, na ocasião, foi a primeira vez que uma mulher afro-americana venceu o prêmio. DuVernay ganhou popularidade com "Selma", lançado em 2014, onde retrata a marcha entre as cidades de Selma e Montgomery, nos Estados Unidos, pelos direitos civis na década de 60, liderada por Martin Luther King. "Selma" explora os desafios enfrentados pelo famoso ativista dos direitos civis, mostrando as dificuldades impostas por políticos e povo e as estrategias que MLK usou para chegar aos seus objetivos, além de suas relações pessoais e políticas. Apesar de ter sido muito aclamado, o filme só recebeu duas indicações aos prêmios Oscar, o que gerou controvérsia, pois muitos interpretaram como injusta as ausências de Ava e do ator David Oyelowo entre os indicados.
Após "Selma", DuVernay dirigiu um documentário chamado "A 13ª Emenda", distribuído pelo Netflix, criou uma série chamada "Queen of Sugar" e está atualmente gravando "A Wrinkle in Time", filme produzido pela Disney e baseado no livro de ficção científica de mesmo nome da autora Madeleine L'Engle.
Amma Asante
Amma Asante nasceu na Inglaterra, filha de imigrantes ganenses. Ainda possui uma pequena filmografia, o que torna seus feitos ainda mais impressionantes. Após ter trabalhado como roteirista, Asante fundou sua própria produtora, e assim fez seu primeiro filme, "A Way of Life". Seu filme seguinte, "Belle", foi um grande sucesso, ele conta a história de uma filha ilegítima mulata na Inglaterra do século XVIII. Interpretada por Gugu Mbatha-Raw, a personagem real chamada Dido Elizabeth Belle foi descoberta por Asante após ela ver o retrato de Belle com sua prima. No filme, é representada uma preocupação de Belle quando o retrato está sendo pintado, pois todas as imagens que ela havia visto das pessoas com cor de pele semelhante a sua mostravam uma relação de servidão. Asante justificou sua escolha em contar a história de Dido por ela adorar filmes de época, mas não ver pessoas negras nele, sendo esta história a realização para a diretora de fazer filme de época sem abrir mão da representatividade.
Amma Asante está prestes a lançar seu terceiro filme este ano, ele se chama "A United Kingdom" e conta a história verídica Seretse Khama, o então príncipe do país que atualmente é o Botswana e Ruth Williams, uma moça inglesa de classe média; os dois se apaixonaram enquanto Khama estudava direito em Londres e seu casamento foi desaprovado por ambas famílias do casal e os governos britânico e sul-africano (o segundo devido ao apartheid).
Haifaa al-Mansour
Essa diretora árabe-saudita se tornou a primeira mulher a dirigir um filme no seu país. "O Sonho de Wadjda", seu primeiro longa-metragem, conta a história de uma menina de 11 anos que sonha em ter uma bicicleta; para atingir seu objetivo, ela participa de um concurso na sua escola cujo prêmio é a soma de dinheiro suficiente para Wadjda comprar a sua bicicleta; no entanto, ela ainda enfrenta a resistência à meninas andarem de bicicleta pelos professores da sua escola. O filme é muito sensível em apresentar as relações Wadjda com sua mãe e seu melhor amigo e não torna pesado o tema, focando na determinação de sua personagem principal invés de seus desafios, os quais também não são ignorados. A diretora está produzindo seu segundo filme, chamado "A Storm in the Stars", sobre a relação amorosa entre a escritora Mary Shelley e o poeta Percy Brysshe Shelley.
Mira Nair
Sempre explorando a cultura indiana, Mira Nair é uma diretora com tempo de estrada. Começou a fazer documentários explorando as tradições indianas na década de 80; seu primeiro filme de ficção foi "Salaam Bombay!", não fez sucesso nas bilheterias, mas foi indicado ao Oscar na categoria Melhor Filme Estrangeiro. Seu segundo filme, "Mississipi Masala", com Denzel Washington no elenco, conta a história de ugandenses de origem indiana se sentindo deslocados no estado americano do Mississipi. Seu próximo filme de destaque seria "Monsoon Wedding", lançado em 2001, filmado apenas com uma pequena equipe e alguns conhecidos de Nair como elenco, o filme conta a história de um casamento panjabi e rendeu à diretora indiana o prêmio Leão de Ouro do Festival de Berlim, tornando-a a primeira diretora a receber tal honraria, além de ter arrecado 30 milhões de dólares em todo o mundo, sendo o filme indiano de maior sucesso até então. Ela dirigiu em seguida "O xará" e "O Relutante Fundamentalista", ambos elogiados pela crítica.
Nair acaba de lançar este ano o filme "Rainha de Katwe", que conta a história real de um prodígio do xandrez ugandense, Lupita Nyong'o e David Oyelowo estão no elenco.
Ana Lily Amirpour
Com apenas 36 anos e dois filmes no currículo, Ana Lily Amirpour ganhou respeito no meio cinematográfico pela sua estreia com o filme "Garota Sombria Caminha Pela Noite". Descrito como "o primeiro western de vampiros iraniano", a história se passa no Irã, mas foi filmado nos Estados Unidos, onde uma solitária vampira ronda por uma pequena cidade sem o conhecimento da população. Amirpour, nascida nos Estados Unidos e de origem iraniana, lançou seu segundo filme este ano, chamado "The Bad Batch", no Festival de Veneza. O terror romântico que concorreu ao Leão de Ouro tem elenco estrelado, com Jason Momoa, Keanu Reeves e Jim Carrey.
Bônus- "Mia Madre"
Esse filme não foi dirigido por uma mulher, mas seu personagem principal é uma diretora de cinema, algo muito interessante. O filme foi dirigido por Nanni Moretti, que também atua como o irmão da personagem principal. Marguerita é uma diretora de cinema famosa gravando um filme enquanto sua mãe está muito doente, tendo também que lidar com um ator trabalhoso. Marguerita é a mulher com vários papéis- diretora, filha, mãe, irmã- tendo várias nuances, da liderança no seu trabalho à fragilidade como uma filha que vê sua mãe morrer.
Com milhares de filmes no seu catalogo, o serviço de streaming Netflix oferece uma grande variedade de filmes e séries, o que pode até ser um problema na hora de escolher o título a ser assistido. Com tantas opções, alguns filmes de muita qualidade passam despercebidos, como acontece na indústria cinematográfica como um todo, nem todo o filme ganha o destaque merecido; neste sentido, o Netflix é capaz de proporcionar um "acerto de contas" com filmes, muitas vezes independentes e que não tiverem larga distribuição, trazendo público a produções que não conseguiram alcançar muitos espectadores antes.
Encarcerado
Ambientado em uma prisão onde pai e filho se reencontram, "Encarcerado" apresenta um personagem de 19 anos que já está no sistema prisional desde o começo da adolescência e acaba de ser transferido de uma instituição juvenil para uma adulta. O realismo se destaca no filme e as atuações de Ben Mendelsohn e Jack O'Connell como pai e filho criam uma dinâmica intrigante, que também é um trunfo do roteiro de Jonathan Asser. O filme se baseia nas experiências de Asser como terapeuta voluntário em uma prisão, o personagem do filme interpretado por Rupert Friend é inspirado nele. David Mackenzie assina a direção, também primorosa ao criar a atmosfera fria do seu realismo.
O Relutante Fundamentalista
Dirigido pela diretora indiana Mira Nair, este filme se baseia no livro do escritor Mohsin Hamid, conta a história de um imigrante paquistanês que vê sua vida nos Estados Unidos mudar após os ataques de 11 de setembro. É um filme que apresenta uma narrativa diferente por seguir um ponto de vista normalmente ignorado nos filmes. O elenco é formado por Riz Ahmed, Kate Hudson, Liev Schreiber e Kiefer Sutherland.
Quatro Leões
"Quatro leões" é um filme difícil de se vender. É uma comédia que conta a história de um grupo de muçulmanos que aspiram a se tornar homens-bomba. É preciso ir ver este filme com a mente aberta, ele não defende o terrorismo, mas faz uma abordagem cômica do mesmo; o filme é extremamente engraçado mesmo com as apreensões que o espectador pode ter antes de assistir. Na época do seu lançamento, ele foi um grande sucesso de público- apesar de ter encontrado dificuldades inicialmente em achar distribuidores- e de crítica pelo humor inteligente e as ótimas atuações do elenco.
Malèna
Filme italiano estrelado por Monica Bellucci, ele se passa durante o período da II Guerra Mundial, onde uma mulher sofre assédio de todas as formas diariamente em uma pequena cidade italiana enquanto seu marido está na guerra, visto sob o ponto de vista de um garoto passando pela experiência de estar apaixonado pela primeira vez- por Malèna. Um filme que ressona muito com a atualidade e tem uma mensagem poderosa, um ótimo filme para se usar como tópico de discussão após assistido.
A Caça
"A Caça" é um daqueles filmes que tem um enredo muito forte, que mexe muito com o espectador. Estrelado pelo mais famoso ator dinamarquês, Mads Mikkelsen, o filme conta a história de um professor de jardim de infância falsamente acusado de molestar uma criança em uma pequena cidade da Dinamarca. A atuação de Mikkelsen é o ponto forte do filme, tendo sido premiada no Festival de Cannes na categoria melhor ator, mas o enredo instigante, propondo perguntas e as respondendo, também vai prender a atenção do espectador.
Um Método Perigoso
"Um Método Perigoso" retrata o começo da psicanálise durante a primeira década do século XX, focando no psicanalista Carl Jung e sua relação com a paciente Sabina Spielrein, a qual também se tornaria psicanalista posteriormente. O filme é dirigido por David Cronenberg e tem Michael Fassbender, Keira Knightley e Viggo Mortensen no elenco, todos em ótimas atuações. A fotografia e os figurinos também são obras de um trabalho de qualidade.
Os Suspeitos
Uma das primeiras empreitadas americanas do diretor canadense Denis Villeneuve, mesmo diretor de Sicário, "Os Suspeitos" conta a história de duas crianças desaparecidas, o pai de uma delas decide fazer sua própria investigação enquanto o trabalho do detetive responsável não dá resultados. O grande destaque do filme são seus atores principais, Hugh Jackman e Jake Gyllenhaal, cada um representando as angústias de seu personagem; para um, o medo do fracasso, e para outro, desespero e fúria. O resto do elenco também não fica muito para atrás- Paul Dano, Viola Davis e Terrence Howard participam do elenco como um dos suspeitos e os pais de uma das crianças desaparecidas respectivamente.
Shame
Segundo filme do diretor britânico Steve McQueen, lançado antes do grande sucesso do seu "12 Anos de Escravidão", "Shame" apresenta um personagem principal problemático enfrentando o vício em sexo, quando sua irmã aparece para morar por um tempo com ele, seus conflitos internos aumentam. Um dos filmes que lançou a carreira de Michael Fassbender e uma de suas primeiras grandes atuações como protagonista de um filme, o destaque vai para a sua atuação e a de Carey Mulligan como a sua irmã. Além da direção de McQueen, apresentando um realismo cru e explorando as nuances do seu personagem principal quase sem diálogos, explorando bem a boa performance entregue pelo ator.