Quando Warren Beatty anunciou erroneamente "La La Land - Cantando Estações" como vencedor do Oscar de Melhor Filme invés de "Moonlight - Sob a Luz do Luar" domingo (26), um jovem diretor subiu o palco boquiaberto para então ser saudado pelos seus colegas como o mestre responsável pelo filme agora vencedor do Oscar; ele viu o resultado de ter pego apenas $ 1,5 milhão e suas experiências de uma infância marginalizada ser um filme capaz de tocar e maravilhar todo tipo de público.
Para muitas pessoas, o nome de Barry Jenkins é uma novidade, o que não é surpreendente considerando que "Moonlight" é apenas o seu segundo filme. Seu primeiro filme, "Medicine for Melancholy" (Remédio para a melancolia) foi lançado em 2008 e foi seguido por um bloqueio criativo que durou anos até Jenkins se deparar com o texto da peça não realizada "In Moonlight Black Boys Look Blue" (Na luz da lua garotos pretos ficam azuis) de Tarell Alvin McCraney, com quem co-escreveu "Moonlight".
Jenkins com Alex R. Hibbert no set de "Moonlight".
Natural de Miami como o personagem central da sua obra, Jenkins também teve uma mãe com um problema de vício em crack e não chegou a realmente conhecer a identidade do seu pai. Quase por coincidência, como é o caso de muitas pessoas destinadas a uma profissão não comum para a sua origem, Jenkins descobriu o curso de cinema da Universidade do Estado da Flórida devido às salas do curso ficarem perto do campo de futebol americano. Da sua turma também saíram os diretores David Robert Mitchell do aclamado terror independente "Corrente do Mal" (2014) e o diretor de "Maze Runner: Correr ou Morrer" (2014) Wes Ball; lá Jenkins conheceu Adele Romanski e James Laxton, que trabalharam em "Moonlight" como produtora e diretor de fotografia respectivamente.
Em 2008, lançou seu primeiro filme, "Medicine for Melancholy", o filme feito com apenas $15.000 estreou em alguns festivais e encontrou ótima recepção pela crítica. Em busca do tema do seu segundo filme, Barry passou muito tempo se dedicando a um roteiro que envolvia Stevie Wonder e viagem no tempo- a ponto de ter confessado que durante dois anos sua vida era "só sobre" Stevie Wonder- trabalhou em um roteiro baseado no livro "If Beale Street Could Talk" (Se a Rua Beale pudesse falar)- ambos roteiros não realizados- e conseguiu um emprego como escritor da série da HBO "The Leftovers", sobre qual ele admitiu não ter tido oportunidade de fazer muita coisa. Até conseguir este emprego na TV, Jenkins trabalhou por muitos anos em uma loja da Banana Republic e no Festival de Cinema de Telluride (onde anos após "Moonlight" foi exibido); na edição de 2013 do festival, ele foi o moderador de um painel sobre "12 Anos de Escravidão"; agora ele se juntou ao diretor de "12 Anos" Steve McQueen no seleto grupo de diretores negros indicados ao Oscar. Durante todos os anos em que Jenkins não coseguiu iniciar seu segundo projeto, ele diz ter pensado em desistir do cinema e passar a dirigir comerciais de TV.
Jenkins havia preparado um discurso caso "Moonlight" vencesse o prêmio de Melhor Filme na cerimônia do Oscar de domingo, mas não teve oportunidade de fazê-lo devido a todo o imbróglio ocorrido, mas ele foi recentemente divulgado na imprensa e é assim:“Tarell [Alvin McCraney] e eu somos Chiron. Nós somos aquele garoto. E, quando você assiste “Moonlight”, você não supõe que um garoto que cresceu como e onde crescemos iria crescer e criar uma obra de arte que ganha o Oscar. Eu falei muito disso, e eu tive que admitir que introjetei aquelas limitações em mim mesmo, eu neguei aquele sonho a mim mesmo. Não você, não qualquer outra pessoa – eu. E então, a todas as pessoas que, assistindo a isso, se enxergarem em nós, deixem que isso seja um símbolo, uma reflexão que leve vocês a amarem a si próprios. Porque fazer isso pode ser a diferença entre sonhar e, de alguma forma, graças à Academia, realizar sonhos que vocês nunca se permitiram ter. Amor”. Apesar de se identificar muito com Chiron, Jenkins não é gay como o personagem, o que não achou ser um empecilho muito grande, pois se identificava com a timidez e o modo de ser diferente da imagem de masculinidade ligada a homens negros, ele também disse que sua visão como um aliado da comunidade gay também ajudou a sua percepção.
Com isso, podemos perceber a enorme importância de "Moonlight" ter sido o vencedor do prêmio de Melhor Filme. Pela primeira vez, um filme com personagens negros que não é sobre escravidão ou direitos civis, com homossexualidade como tema, venceu este prêmio, e muitos outros nos últimos meses. Há muitos anos o vencedor do Oscar de Melhor Filme não era tão gratificante, talvez nunca tenha sido; não só pela representatividade, mas pela poesia que o filme trouxe que muitos não conseguem ter. Agora, o diretor que cresceu como o Chiron se vê repentinamente como o diretor com quem todo mundo quer trabalhar.
Barry Jenkins e seus Chirons: (da esquerda para a direita) Ashton Sanders, Alex R. Hibbert e Trevante Rhodes.
Com isso, podemos perceber a enorme importância de "Moonlight" ter sido o vencedor do prêmio de Melhor Filme. Pela primeira vez, um filme com personagens negros que não é sobre escravidão ou direitos civis, com homossexualidade como tema, venceu este prêmio, e muitos outros nos últimos meses. Há muitos anos o vencedor do Oscar de Melhor Filme não era tão gratificante, talvez nunca tenha sido; não só pela representatividade, mas pela poesia que o filme trouxe que muitos não conseguem ter. Agora, o diretor que cresceu como o Chiron se vê repentinamente como o diretor com quem todo mundo quer trabalhar.
Barry Jenkins e seus Chirons: (da esquerda para a direita) Ashton Sanders, Alex R. Hibbert e Trevante Rhodes.
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